Vacina contra dengue: entenda como funciona

A Dengue é uma doença importante, que ocorre em praticamente todas as regiões do Brasil e atinge milhões de brasileiros. Por isso é importante entender como prevenir e como funciona a vacina contra dengue.

A dengue é uma doença febril, que pode ser causada por quatro sorotipos de um flavivírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3, e DEN-4). Ela é endêmica em mais de 100 países, nas regiões tropicais e subtropicais do mundo e é responsável por um número estimado de 50 milhões de infecções por ano em todo o mundo. Só no Brasil, em 2015, ocorreram mais de um milhão e meio de casos de dengue.

A manifestação da dengue pode variar em intensidade, desde uma doença leve, até casos graves que necessitam de hospitalização.  As formas mais graves são a febre hemorrágica da dengue (FHD) e a síndrome do choque da dengue (SCD), que podem levar à morte e, por isso, impulsionam os esforços de prevenção da doença.

Como foi criada a vacina contra a dengue?

Pois bem, vamos entender um pouco melhor a importância da vacina contra a dengue e como ela funciona no nosso organismo. Vamos começar falando um pouco sobre a imunidade em relação a dengue.

Os estudos demonstraram que quando uma pessoa tem dengue, ela adquire uma proteção em longo prazo contra o sorotipo que causou a doença, e isso apoiou a possibilidade de uma vacina contra a dengue, já que é possível estimular uma resposta duradoura. No entanto, a infecção por um tipo de vírus fornece apenas uma imunidade de curta duração para os outros três sorotipos da doença, e isso não é muito bom. Pois como vimos, existe associação entre infecção prévia com dengue e evolução grave em caso de uma re-exposição.

Com o reconhecimento de que todos os quatro sorotipos são capazes de induzir febre hemorrágica, o ideal é que uma vacina contra dengue produza
imunidade duradoura protetora contra os quatro sorotipos.

Considerando isso, uma série de vacinas candidatas entrou fase de desenvolvimento, inclusive no Brasil há duas iniciativas em andamento, uma do instituto Butantã, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, e uma da Fiocruz em parceria com a farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK).

Mas quem saiu na frente dessa corrida foi a vacina Dengvaxia produzida pela Sanofi-Pasteur. Ela obteve autorização da ANVISA para uso e comercialização no Brasil em dezembro de 2015, e já está disponível para uso. Essa vacina já havia sido liberada para comercialização no México e nas Filipinas.

Como a Dengvaxia funciona e como deve ser administrada?

A Dengvaxia é uma vacina tetravalente, recombinante e atenuada. Ela deve ser administrada por via subcutânea em três doses, com intervalo de 6 meses entre cada dose, para indivíduos com idade entre 9 e 45 anos, que moram em áreas endêmicas. A vacina deve ser administrada apenas em indivíduos com história de infecção prévia por dengue.

A Dengvaxia é a única vacina aprovada no mundo que demonstrou segurança e eficácia na prevenção dos quatro sorotipos da dengue. A análise também confirmou o valor protetor de longo prazo da vacina em indivíduos com uma infecção prévia pelo vírus. Em indivíduos com infecção prévia por dengue, a vacina demonstrou eficácia de cerca de 80% na redução de hospitalizações e na redução de casos graves ao longo dos 6 anos de acompanhamento.

Aprofundando os ensaios clínicos

Dois grandes ensaios clínicos controlados, randomizados, de
fase III indicaram uma eficácia de 57 e 61% contra a dengue virologicamente confirmada, ou seja, um potencial para prevenir duas em cada três infecções possíveis. A eficácia da vacina variou por sorotipo e foi significativamente mais elevada para DENV-3 e DENV N-4 (cerca de 75%) do que para DENV-1 (50%) e DEN-2 (35 a 42%). A parte boa é que a eficácia da vacina contra a dengue hemorrágica ou infecção grave com necessidade de hospitalização é maior, com potencial para
proteger de 80 a 95% dos casos.

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Quais são os efeitos adversos e contraindicações da vacina?

O perfil de segurança da vacina foi considerado bom. As
reações adversas mais comuns ocorrem nos primeiros 3 dias após aplicação e incluem dor de cabeça, dor no local da aplicação, mal-estar e dor no corpo. Pode ocorrer também febre até os primeiros 14 dias após aplicação.

Agora falando das contraindicações, este vacina não deve ser administrada em pessoas em doença aguda ou quadro febril agudo, como por exemplo, com sintomas de infecção viral respiratória. Também não deve ser aplicada em pessoas com imunidade comprometida, seja por infecção por HIV, câncer ou tratamento imunossupressor. E nem em mulheres gravidas ou amamentando.

Em 2018, a Anvisa mudou a bula da vacina contra dengue, determinando que ela seja administrada apenas em pessoas com história de infecção prévia por dengue. Isto é, a vacina é contraindicada a pessoas sem história da doença.

Por que a vacina não é usada em crianças abaixo de 9 anos?

Em crianças entre 2 a 5 anos de idade, a eficácia da vacina
foi menor (34 a 36%). Além disso, uma análise publicada em 2015 mostrou que em crianças com idade abaixo de 9 anos, a vacina foi associada a um risco elevado de infecção grave, com necessidade de hospitalização, entre 1 a 2 anos após a última dose. Então, devido a esses resultados ruins de eficácia, a vacina não foi aprovada nessa faixa etária.

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Outras vacinas da dengue que surgirão no mercado, serão mais eficazes?

Os ensaios iniciais apontam potencial para isso, no entanto
é um pouco cedo para termos certeza. O certo é que novas alternativas devem surgir no mercado em breve.

Em resumo, a vacina contra a dengue é uma estratégia de saúde pública essencial, e a vacinação pode evitar a maioria dos casos graves e de dengue hemorrágica, o que é muito bom. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já divulgou parecer favorável à inserção da vacina contra dengue nos programas de imunização de países onde há alta incidência da doença, como no Brasil. A expectativa é que, em 30 anos, a vacinação sistemática de crianças a partir de 9 anos reduza os casos sintomáticos e a hospitalização decorrente da enfermidade entre 10% a 30%.

Como se vê muitos detalhes e situações que devem ser levadas em consideração no momento da aplicação. Felizmente, com ajuda de softwares avançados de serviços farmacêuticos e vacinação, é possível receber alertas e orientações específicas no momento do atendimento, reduzindo a chance de erros e aumentando a segurança do paciente.

Fonte: Artigo reproduzido do Curso Online Imunização e Administração de Vacinas, com permissão dos autores.

Recomendação: como as indicações e informações sobre os medicamentos e esquemas posológicos podem sofrer atualizações ao longo do tempo, recomendamos que você não utilize este conteúdo como única fonte de informação.

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