O que são doenças endêmicas e qual é a atuação do farmacêutico diante delas?

Doenças endêmicas são aquelas que incidem sobre um espaço limitado que pode ser, por exemplo, uma região ou um estado. 

As formas de prevenção são principalmente: 

  • combate aos vetores responsáveis por causar as enfermidades, cuidados ambientais;
  • vacinação para aquelas doenças em que tiver essa possibilidade. 

O farmacêutico pode atuar na identificação de sintomas, educação em saúde, orientações ao paciente, realização de testes rápidos e aplicação de vacinas. Vamos entender qual é o papel do farmacêutico na prevenção e orientação da população.

O que são as doenças endêmicas 

Doenças endêmicas ou endemias são termos utilizados para definir qualquer doença localizada ou com uma grande incidência em um espaço limitado denominado de “faixa endêmica”, seja esse um estado ou um país. No Brasil costumam ocorrer em áreas rurais ou urbanas com problemas de saneamento básico. 

Por quase um século essas enfermidades foram o foco da saúde pública brasileira, mas com a chegada da urbanização e ampla disponibilidade de água encanada, melhores condições de saneamento e o desenvolvimento de diversas políticas e estratégias de controle, observou-se uma diminuição considerável na incidência dessas complicações. 

Quais as doenças endêmicas do Brasil?

Os principais exemplos de doenças endêmicas no Brasil são: dengue, febre amarela, esquistossomose, leishmaniose, leptospirose, hanseníase e doença de Chagas.

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Dengue

Atualmente, é a mais importante arbovirose que afeta o ser humano e constitui sério problema de saúde pública no mundo. Ocorre e dissemina-se especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor. 

A dengue é uma doença febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresente: infecção inaparente, dengue clássica (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD).

Na dengue clássica a primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo. Hepatomegalia dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre.

A realização de teste rápido para identificação de marcadores imunológicos IgG e IgM é uma ferramenta que permite ao farmacêutico encaminhar e orientar o indivíduo oportunamente e que favorece o atendimento mais assertivo e com maior agilidade na tomada de decisão clínica, beneficiando o paciente. 

Febre amarela

É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano. 

A febre amarela tem importância epidemiológica por sua gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa.

Os sintomas iniciais da febre amarela são: início súbito de febre; calafrios; dor de cabeça intensa; dores nas costas; dores no corpo em geral; náuseas e vômitos; fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. 

A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. Qualquer pessoa não vacinada, independentemente da idade ou sexo, que se exponha em áreas de risco e/ou com recomendação de vacina. É fundamental a cobertura vacinal da população em todo o território nacional, esta é a principal forma de prevenir a febre amarela.

Prevenção contra dengue e febre amarela

Outra forma de prevenção contra febre amarela e dengue é o combate ao mosquito por meio de ações que exigem políticas públicas, mas também de forma coletiva e individual.

Seguem algumas orientações: 

  • Mantenha bem tampados: Cisternas, caixas, poços, tonéis e barris de água;
  • Não deixe a água da chuva acumular sobre a laje e calhas entupidas;
  • Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre bem fechada;
  • Não jogue lixo em terrenos baldios;
  • Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha-as sempre com a boca para baixo;
  • Encha os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda;
  • Se for guardar pneus velhos em casa, retire toda a água e mantenha-os em locais cobertos, protegidos da chuva;
  • Limpe as calhas com frequência;
  • Lave com frequência, com água e sabão, os recipientes utilizados para guardar água, pelo menos uma vez por semana;
  • Os vasos de plantas aquáticas devem ser lavados com água e sabão, toda semana. É importante trocar a água desses vasos com frequência;
  • Piscinas e fontes decorativas devem ser sempre limpas e cloradas;
  • Sempre que possível evite o cultivo de plantas como bromélias ou outras que acumulem água em suas partes externas.
  • Utilize repelentes e roupas com mangas compridas e cores claras, principalmente se você estiver no grupo de risco – crianças, grávidas e idosos. Também instale telas e mosquiteiros nas janelas e portas. 


Esquistossomose

É uma verminose parasitária desencadeada pela infecção do agente etiológico Schistosoma mansoni, que dispõe como vetor o caramujo em água doce, posteriormente contaminada. A doença é popularmente conhecida como barriga d’água. 

O clima tropical do Brasil, com altas temperaturas, luminosidade, abundância de hábitats aquáticos, a falta de saneamento básico, a saúde e educação da população, são condições propícias à manutenção e continuidade da transmissão da endemia.

As manifestações clínicas surgem após o alojamento do verme nas veias do mesentério e do fígado, sendo estas identificadas com sintomas agudos como: febre, cefaléia, fraqueza, tosse e diarreia.

A esquistossomose é, fundamentalmente, uma doença resultante da ausência ou precariedade de saneamento básico. 

Portanto, as ações de saneamento ambiental são reconhecidas como as de maior eficácia para as modificações de caráter permanente das condições de transmissão da esquistossomose e incluem: coleta e tratamento de dejetos, abastecimento de água potável, instalações hidráulicas e sanitárias, aterros para eliminação de coleções hídricas que sejam criadouros de moluscos, drenagens, limpeza e retificação de margens de córregos e canais, construções de pequenas pontes, etc. 

Leishmaniose

É provocada por parasitas do gênero Leishmania, sendo uma doença infecciosa e não contagiosa. 

É transmitida por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos.Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros de comprimento e devido ao seu pequeno tamanho são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas.

As fontes de infecção das leishmanioses são, principalmente, os animais silvestres e os insetos flebotomíneos que abrigam o parasita em seu tubo digestivo, porém, o hospedeiro também pode ser o cão doméstico.

A prevenção dessas doenças compreende a não construção de casas próximas à mata, fazer dedetização quando indicado, evitar banhos de rio perto da mata, utilizar repelentes e usar telas protetoras em janelas e portas. 

Leptospirose

No Brasil a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roedores infectados.

É uma doença infecciosa, causada por uma bactéria chamada Leptospira interrogans, que se estabelece nos rins de ratos e outros animais (bois, porcos, cavalos, cães e cabras também podem adoecer e, eventualmente, transmitir a leptospirose ao homem). As leptospiras penetram no corpo pela pele, principalmente por arranhões ou ferimentos, e também pela pele íntegra, imersa na água ou lama contaminada.

Os principais sintomas são febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. Podem também ocorrer vômitos, diarreia e tosse.

Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro clínico, os principais diagnósticos diferenciais são:

  • Fase precoce – dengue, influenza (síndrome gripal), malária, riquetsioses, doença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, entre outras doenças.
  • Fase tardia – hepatites virais agudas, febre amarela, malária grave, dengue hemorrágica, febre tifóide, doença de Chagas aguda, pneumonias, meningites, dentre outras.

A prevenção ocorre por meio de medidas como obras de saneamento básico, controle de roedores e evitando o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).

Hanseníase

É uma doença crônica transmissível de investigação obrigatória em todo o país, causada pelo Bacilo Micobacterium leprae, que possui a capacidade de infectar um grande contingente, além de poder danificar o sistema nervoso e a pele, características que conferem à doença um alto poder incapacitante. 

A hanseníase é transmitida pelas vias aéreas superiores (tosse ou espirro), por meio do convívio próximo e prolongado com uma pessoa doente sem tratamento.

A doença apresenta longo período de incubação, ou seja, tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, é em média de 2 a 7 anos. Há referências com períodos mais curtos, de 7 meses, como também mais longos, de 10 anos. 

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e em referências.

Vacinação BCG (bacilo de Calmette-Guërin)

Apesar do objetivo principal da BCG ser prevenção contra tuberculose, ela  é indicada também para pessoas de qualquer idade que convivem com portadores de hanseníase (lepra).

Todo contato deve receber orientação no sentido de que não se trata de vacina específica para a hanseníase e que, prioritariamente, esta é destinada ao grupo de risco, contatos intradomiciliares. 

Doença de Chagas

A Doença de Chagas, também chamada de Tripanossomíase americana, é uma doença parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitida principalmente através do inseto “barbeiro”. Os barbeiros abrigam-se em locais muito próximos à fonte de alimento e podem ser encontrados na mata, escondidos em ninhos de pássaros, toca de animais, casca de tronco de árvore, montes de lenha e embaixo de pedras. 

Nas casas escondem-se nas frestas, buracos das paredes, nas camas, colchões e baús, além de serem encontrados em galinheiro, chiqueiro, paiol, curral e depósitos.

A transmissão se dá pelas fezes que o “barbeiro” deposita sobre a pele da pessoa, enquanto suga o sangue. Geralmente, a picada provoca coceira e o ato de coçar facilita a penetração do tripanossomo pelo local da picada. 

A prevenção baseia-se principalmente em medidas de controle ao “barbeiro”, impedindo a sua proliferação nas moradias e em seus arredores. As atividades de educação em saúde devem estar inseridas em todas as ações de controle. 

Cuidados farmacêuticos e orientações ao paciente 

O farmacêutico deve orientar principalmente no sentido de educação à população, principalmente no que diz respeito à prevenção de cada uma das doenças. 

O profissional também vai ter o papel de identificação de sintomas suspeitos, realização de testes rápidos cabíveis e encaminhamento médico quando necessário. Além disso, pode inclusive aplicar vacinas para a prevenção de algumas das doenças.

Pela Plataforma Clinicarx você pode realizar diversos serviços clínicos e procedimentos para rastreamento e auxílio diagnóstico do paciente. Testes rápidos e vacinação são alguns dos principais serviços padronizados que o farmacêutico pode oferecer e aplicar no paciente na farmácia.

  • Você, farmacêutico, pode realizar testes rápidos de dengue e laudar pela Clinicarx.

Com a Clinicarx, também é possível laudar o teste rápido de Febre Amarela. Ele é um imunoensaio cromatográfico para detecção e diferenciação simultânea dos anticorpos IgG e IgM anti-febre amarela, em amostras de sangue total. Auxilia na triagem e diagnóstico de infecções por esse vírus.

  • No serviço de vacinação padronizado, após o registro da vacina aplicada, entregar a carteira de vacinação e fornecer o documento de vacinas recomendadas para a faixa etária do paciente em questão. 

Além disso, todas as vacinas aplicadas na farmácia/consultório ficarão registradas no histórico do paciente, também trabalhamos com um portfólio de fornecedores e facilitamos a negociação.

Regiões do país e faixas endêmicas 

Regiões e atualizações do boletim epidemiológico.

Dengue

Até a semana  21 de 2022 ocorreram 1.036.505 casos prováveis de dengue no Brasil. Para o ano de 2022, a Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, seguida das Regiões: Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. Os municípios que apresentaram os maiores registros de casos prováveis de dengue até a respectiva semana foram: Brasília/DF, Goiânia/GO, Joinville, São José do Rio Preto e Aparecida de Goiânia.

Febre amarela

Atualmente, a febre amarela silvestre (FA) é uma doença endêmica no Brasil (região amazônica). Na região extra-amazônica, períodos epidêmicos são registrados ocasionalmente. O padrão temporal de ocorrência é sazonal, com a maior parte dos casos incidindo entre dezembro e maio.

Leishmaniose

O Brasil é responsável por 90% dos casos registrados na América Latina. As regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas, devido à precariedade de condições sanitárias,  favorecendo a disseminação da doença. 

Esquistossomose

Atualmente, as áreas endêmicas que a doença se manifesta no país são: Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte (faixa litorânea), Paraíba, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais (predominantemente no Norte e Nordeste do Estado), Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal, a transmissão é focal, não atingindo grandes áreas.

Hanseníase

De acordo com a pesquisa realizada pela OMS, o Brasil é o segundo no número de casos de hanseníase no mundo, registrando cerca de 30 mil novos casos na última década, ficando atrás apenas da Índia.

Doença de Chagas

Considerada uma doença endêmica, a Doença de Chagas é comum em países subdesenvolvidos e estima-se que haja 12 milhões de portadores nas Américas. No Brasil, atualmente, há registro de pelo menos um milhão de pessoas infectadas pelo protozoário.

Leptospirose

Existem registros de leptospirose em todas as unidades da federação, com um maior número de casos nas regiões sul e sudeste. A doença apresenta uma letalidade média de 9%. Quanto às características do local provável de infecção (LPI), a maioria ocorre em área urbana, e em ambientes domiciliares.

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