O exame de Sífilis é indicado para pessoas com sintomas sugestivos da infecção por Sífilis, como cancro duro ulcerado e indolor nos órgãos genitais, entre outras manifestações.
A sífilis é uma infecção bacteriana. Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível (IST) que começa com uma ferida indolor de manifestação local.
A primeira etapa da sífilis envolve uma ferida indolor na genitália, no reto ou na boca. Após a cura da ferida inicial, a segunda fase é caracterizada por uma irritação na pele.
Depois, não há sintomas até a fase final, que pode ocorrer anos mais tarde. Essa fase final pode resultar em danos para cérebro, nervos, olhos ou coração.
A sífilis é tratada com penicilina. Os parceiros sexuais também devem ser tratados.
O Exame de Sífilis
Dentre as opções, há também o teste rápido (TR) ou exame de Sífilis, disponível nos serviços de saúde do SUS, clínicas e em farmácias privadas.
Prático e de fácil execução, não depende de estrutura laboratorial e é capaz de apresentar o resultado da leitura em até 30 minutos, além de apresentar metodologia baseada em imunocromatografia qualitativa, análoga a utilizada em laboratórios tradicionais.
A facilidade de acesso ao estabelecimento, coleta de amostra, curto tempo para emissão do resultado e a alta confiabilidade, faz do teste rápido uma opção altamente vantajosa para o indivíduo que busca atendimento em saúde de qualidade e segurança.
O Sistema Único de Saúde oferta testagem e tratamento gratuito para a sífilis, inclusive durante o pré-natal. A pasta realiza a compra centralizada e distribuição de insumos de diagnóstico e tratamento (testes rápidos, penicilina benzatina e cristalina).
A cada ano, são distribuídos mais de 5 milhões de testes para os postos de saúde, mostrando a grande demanda.
Nas farmácias, o exame de sífilis, assim como de outras ISTs, é um serviço estratégico, permitindo acessar principalmente pessoas que não utilizam o SUS ou não possuem plano de saúde e que podem se testar em check-ups anuais ou caso surjam sintomas suspeitos da doença.
O exame de Sífilis é um imunoensaio cromatográfico rápido para a detecção qualitativa de antígeno Treponema pallidum em sangue total, soro ou plasma como auxílio ao diagnóstico de Sífilis.
Quem deve fazer o exame de Sífilis?
Pessoas com sintomas sugestivos da infecção por Sífilis, como cancro duro ulcerado e indolor nos órgãos genitais, linfonodomegalia regional e secreção no caso de sífilis primária ou lesões inespecíficas nas mãos e pés, linfadenopatia generalizada e sintomas neurológicos no caso de sífilis secundária.
Pacientes com fatores de risco para infecção, como pessoas sexualmente ativas, sob suspeita da doença, pessoas que possuem múltiplos parceiros sexuais, sexo desprotegido, gestantes, mulheres que desejam engravidar, recém-nascidos, pacientes com HIV (imunocomprometidos), também devem ser testados como rastreamento.
Casos no Brasil
Na última década, a sífilis reemergiu com força e se tornou a infecção sexualmente transmissível (IST) que mais se expandiu no Brasil.
De acordo com o Boletim do Ministério da Saúde (MS) de outubro de 2020, o número de casos registrados da chamada sífilis adquirida (transmitida por meio do contato sexual) passou de 3.925 em 2010 para 152.915 em 2019, principalmente na faixa de idade entre 20 e 39 anos. O das outras duas formas também aumentou. Em gestantes (uma das formas de sífilis adquirida, tratada separadamente), passou de 10.070 para 61.127 e a congênita transmitida da mulher para o feto, de 2.313 para 6.354 nesses 10 anos.
Transmissão da Sífilis
A Sífilis pode ser transmitida via sexual, vertical e/ou transfusional. A via sexual é predominante, sendo o uso de preservativos, o único método capaz de impedir a infecção. Os sítios de inoculação compreendem os órgãos genitais, além de língua, lábios e pele.
No caso de infecções gestacionais, também conhecidas como infecções verticais, há grande preocupação com o curso da gravidez, uma vez que o risco de aborto espontâneo e complicações do desenvolvimento fetal são grandes ameaças à saúde da mãe e do bebê, que pode ser infectado e nascer com a forma congênita da doença. A transmissão sanguínea ou transfusional tornou-se rara graças ao rígido controle de hemocentros para a segurança do receptor de transfusões.
Agente Etiológico da Sífilis
A sífilis é causada pelo Treponema pallidum, bactéria espiroqueta gram-negativa de alta patogenicidade.
Período de Incubação
O período de incubação varia de 10 a 90 dias (média de 21 dias), contados a partir do contato pela via infectante.
Período de Transmissibilidade da Sífilis
A transmissibilidade da sífilis requer a presença de lesões (cancro duro, condiloma, placas mucosas, lesões úmidas). A presença de treponemas nessas lesões é responsável pelo contágio, que é maior nos estágios iniciais da infecção e reduz com a progressão da doença.
O fato de as lesões serem assintomáticas acaba por, muitas vezes, tornarem-se imperceptíveis aos portadores, que ao terem qualquer forma de contato sexual desprotegido, tornam-se infectantes.
A transmissão vertical pode ocorrer em qualquer fase do curso gestacional, sendo o estágio da infecção na mãe e o respectivo tempo de exposição ao agente, importantes para a evolução do quadro sob a condição.
Suscetibilidade e Imunidade
A suscetibilidade à bactéria é universal, entretanto pacientes vivendo com HIV/AIDS (PVHA) apresentam maior propensão à infecção e precisam de atenção e cuidado redobrados. A imunidade adquirida não é protetora.
Sintomas da Sífilis e manifestações clínicas
As manifestações clínicas e sintomas da sífilis se apresentam em fases conforme o estágio da doença:
Sífilis primária
Caracterizada pela presença de uma úlcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda regular e definida, base enrijecida e fundo limpo. A lesão surge no local de entrada da bactéria e é denominada “cancro duro”. Pode ocorrer em qualquer parte dos órgãos genitais, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais do tegumento. Está comumente associada a linfadenopatia regional. O tempo de permanência da lesão varia 3 a 8 semanas e a remissão da lesão independe de tratamento.
Sífilis secundária
Esta fase se inicia após a remissão do cancro e dura entre 6 semanas e 6 meses. Caracteriza-se pela disseminação do agente etiológico pelo organismo, de modo que a sintomatologia clássica desta fase é pautada no desenvolvimento de pápulas palmoplantares, placas e condilomas planos, podendo perdurar por 4 a 12 semanas.
A constatação de micropoliadenopatia é um diferencial para este estágio da doença, verificando a identificação de gânglios epitrocleares característicos. Assim como na sífilis primária, a remissão das lesões desta fase independe do tratamento.
Sífilis latente
Período no qual nenhum sinal ou sintoma é observado. O diagnóstico é baseado exclusivamente na reatividade em testes treponêmicos e não treponêmicos. Em geral, boa parte dos diagnósticos ocorre durante este estágio. Pode ser dividida em latente recente (tempo inferior a 2 anos da infecção) e latente tardia (tempo superior a 2 anos da infecção).
Aproximadamente 25% dos pacientes não tratados intercalam lesões de secundarismo com os períodos de latência, podendo variar ao longo dos 2 primeiros anos de infecção.
Sífilis terciária
Este estágio ocorre em 15% a 25% das infecções não tratadas e pode se estabelecer entre 1 e 40 anos depois do início da infecção. Neste estágio, a reação inflamatória é responsável pelo quadro de destruição tecidual, com acometimento do sistema nervoso e do sistema cardiovascular. Verifica-se também a formação de lesões bolhosas também descritas como tumorações, que tendem à liquefação, na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido.
A gravidade das lesões resulta em deformação e consequente desfiguração do indivíduo, impossibilitando-o de realizar atividades de diversas naturezas e podendo levar o paciente a óbito. Ausência de tratamento ou tratamento inadequado nesta fase podem também levar a óbito.
Prevenção da Sífilis
Sendo a via sexual a principal forma de transmissão da sífilis, recomenda-se o uso de preservativos durante o ato sexual como medida preventiva mais eficaz. Além disso, a educação sexual faz parte da conscientização não apenas a respeito do risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis como a sífilis, mas também prevenir gestações indesejadas.
A realização do pré-natal minimiza os riscos para a mãe e para o feto durante a gestação, bem como possibilita a detecção e tratamento precoces, evitando as complicações fetais decorrentes da infecção.
Diagnóstico da Sífilis
O diagnóstico clínico resulta da anamnese e do exame físico capaz de revelar sinais e sintomas associados à patologia.
O diagnóstico laboratorial varia conforme a fase da doença e consiste na realização de exames diretos, como microscopia de campo escuro das lesões primárias ou secundárias, ou pesquisa isolada do agente em material corado (microscopia), ou de testes imunológicos não treponêmicos, para detecção de IgM e IgG ou de cardiolipina (inespecífico), ou de testes imunológicos treponêmicos, para detecção de anticorpos específicos produzidos contra os antígenos de T. pallidum.
Em cerca de 85% dos casos, os testes treponêmicos permanecem reagentes de forma vitalícia (cicatriz sorológica), independentemente de tratamento e, por este motivo, não são considerados úteis para o monitoramento terapêutico.
O diagnóstico diferencial depende do reconhecimento das manifestações clínicas características em cada estágio da Sífilis.
Tratamento da Sífilis e Orientações
O tratamento farmacológico da sífilis é baseado na administração de penicilinas, sendo a Benzilpenicilina benzatina, o medicamento de escolha. Considerada uma terapia segura inclusive para gestantes. Tratamentos alternativos podem ser feitos com a administração de ceftriaxona e/ou doxiciclina, a depender do caso e estágio de progressão da doença.
A realização de busca ativa para diagnóstico e tratamento das parcerias sexuais de gestantes com sífilis, bem como o esclarecimento da importância do pré-natal, são de grande importância. O tratamento adequado dos casos diagnosticados promove a remissão dos sinais e sintomas em poucos dias. Entretanto as lesões tardias já instaladas, mesmo com a interrupção da evolução da infecção, não serão revertidas com a antibioticoterapia.
Realizar autoexame e testes sanguíneos são medidas que tornam o diagnóstico precoce e evitam a proliferação descontrolada da infecção pela comunidade.