Considerando sua amostra e abrangência, este é o maior estudo sobre Covid-19 já realizado no Brasil, e mostra um perfil detalhado da doença, pelo olhar da atenção primária à saúde e das testagem nas farmácias.
Em um estudo inédito produzido em parceria com a startup Clinicarx – Plataforma de Serviços de Saúde, a Abrafarma divulga um Raio-X da testagem nas farmácias brasileiras para Covid-19. Foram analisados de 3.323.726 milhões de atendimentos realizados apenas em 2021, no primeiro semestre, por 8.506 farmacêuticos em 2.608 farmácias em todo país.
São números e histórias de mais de 3 milhões de brasileiros e brasileiras atendidos nesses estabelecimentos de saúde próximos e acessíveis, somente neste ano. Mais do que isso, são informações valiosas sobre a Covid-19, como a doença se manifesta, quem ela atinge, e como o cuidado farmacêutico contribuiu para combater esta pandemia.
Você pode baixar o relatório deste estudo na íntegra aqui.
Jornada dos pacientes com Covid-19
Para milhões de brasileiros, o surgimento de sinais e sintomas semelhantes à Covid-19 foram momentos de angústia e apreensão. Sintomas antes considerados comuns, como de gripes e resfriados, passaram a ser sinônimo de coronavírus. Nestes momentos, a busca por serviços de saúde capazes de acolher essa enorme demanda foram essenciais para manter o sistema de saúde longe do colapso.
As farmácias, desde a aprovação pela Anvisa da RDC 377/2020, foram autorizadas a prestar esse atendimento, provendo testagem rápida de antígeno e anticorpos, por meio do atendimento de profissionais farmacêuticos.
Os testes de anticorpos, indicados que quem já teve a doença, detectam a presença de anticorpos IgM e IgG, permitindo identificar a resposta imunológica e confirmar a infecção prévia pelo SARS-CoV-2. Os testes de antígeno, por outro lado, são indicados a pessoas com sintomas suspeitos da doença, em fase aguda, e auxiliam na triagem e diagnóstico rápido, permitindo isolar casos leves e encaminhar casos moderados e graves para atendimento hospitalar, ajudando a conter a disseminação do vírus.
Em cada uma dessas farmácias, foram estabelecidos rígidos protocolos de segurança e uma estrutura de salas clínicas, capazes de acolher e fornecer privacidade para os atendimentos entre profissionais da saúde e pacientes.
Além disso, processos de garantia da qualidade foram decisivos para que fossem utilizados apenas testes rápidos com alta qualidade, com resultados de sensibilidade e especificidade considerados ótimos, em comparação ao método padrão de RT-PCR.
As farmácias atenderam pacientes de todas as idades, com destaque para adultos jovens, entre 18 e 39 anos, que representaram 49%. Idosos com 60 anos ou mais foram o segundo maior grupo, com 33% dos pacientes atendidos, seguidos pelos adultos entre 40 e 59 anos, que representaram 11%. As crianças até 12 anos, e adolescentes entre 13 e 17 anos, foram 4% e 3% dos atendimentos, respectivamente. A distribuição entre sexos foi bastante próxima, sendo as mulheres 53,7% de todos os pacientes atendidos.
Testagem nas farmácias: protocolo clínico
O protocolo de atendimento das farmácias foi padronizado, permitindo que os farmacêuticos oferecessem não apenas a testagem rápida, mas um atendimento clínico completo, incluindo anamnese e triagem clínica, testagem, emissão de laudo ou declaração ao paciente, bem como orientação e encaminhamento ao médico dos casos mais graves.
A triagem clínica realizada consistiu em um conjunto de perguntas a respeito dos sinais e sintomas do paciente, seguindo o protocolo do Ministério da Saúde, além do exame de oximetria e pressão arterial dos pacientes. Esta anamnese foi realizada pelos farmacêuticos aos pacientes durante o atendimento, contando com o software para interpretação dos resultados.
A triagem clínica Covid-19 permitiu identificar quadros suspeitos de síndrome gripal (SG) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG), sendo decisiva nas decisões de encaminhamento rápido de centenas de milhares de brasileiros.
Sintomas mais comuns em pacientes suspeitos
A análise de mais de 1,34 milhões de triagens clínicas realizadas, nos ajuda a entender quais são os sintomas mais comuns reportados pelos pacientes que buscaram atendimento primário nas farmácias. Os quatro sintomas mais frequentes foram tosse (40,7% dos pacientes), nariz escorrendo (37,9%), dor de garganta (36,3%) e dor de cabeça (27,7%). Sintomas considerados “típicos” de Covid-19, como diarreia (16,9%), dispneia (14,1%), febre (7,7%) e perda do olfato ou paladar (6,5%), como visto, foram menos frequentes e acometeram menos pacientes.
Essa análise revela a dificuldade do diagnóstico médico da Covid-19, tendo pacientes com sintomas gripais ou respiratórios, que podem ser causados por diversos outros vírus, como influenza, rinovírus, entre outros. Entre pacientes com quadros leves a moderados, o uso de testes rápidos é essencial para detectar a presença do vírus e guiar os médicos para uma diagnóstico diferencial e tratamento adequado.
Comparando os sintomas relatados entre as faixas etárias, observa-se um quadro sintomático bastante semelhante entre todas as idades. Como exceção, a tosse foi o sintoma mais reportado entre os idosos (44,2% dos pacientes) e nariz escorrendo foi o sintoma mais comum em crianças (40,8%).
Com a aplicação da triagem clínica, de acordo com protocolo do Ministério da Saúde, foi possível detectar a suspeita de síndrome gripal ou quadros respiratórios. Em mais de 1,34 milhões de triagens realizadas, 47,1% dos pacientes foram considerados não suspeitos para Covid-19, 29,1% suspeitos para síndrome gripal (SG) (podendo ser SARS-CoV-2 ou não) e 12,% suspeitos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), condição relacionada a maior mortalidade. Em 11,3% dos casos, o paciente foi considerado suspeito para caso assintomático.
Analisando em detalhes o quadro sintomático dos pacientes com suspeita de SG ou SRAG, observamos que os sintomas mais comuns, como tosse, nariz escorrendo, dor de cabeça e dor de garganta, foram muito mais frequentes, nos pacientes com suspeita de SRAG, o que é condizente com a gravidade do quadro. Além disso, sintomas de alerta como dispneia e pressão no peito estiveram presentes em 77% e 54% dos pacientes com suspeita de SRAG, respectivamente.
Todos esses pacientes, após triagem passaram pelo Teste Rápido, a fim de confirmar a suspeita e proceder os encaminhamento necessários.
Testes rápidos Covid-19 realizados e resultados
Chegando à etapa de testagem, os testes de antígeno representaram 85% do total de testes realizado, enquanto os testes de anticorpos foram apenas 15%. No caso dos anticorpos, 1 a cada 3 pacientes (32,3%) tiveram resultado positivo para IgM ou IgG, indicando infecção prévia e soroconversão contra o coronavírus.
Para os testes de antígeno, os casos positivos foram 1 a cada 4 (25,8%), sendo que 90% desses pacientes positivos estavam sintomáticos. Isto é, pessoas com sintomas suspeitos para SG ou SRAG, que testaram positivo para coronavírus.
Após este resultado, cada paciente recebeu seu resultado e foi orientado pelo farmacêutico, sendo os casos leves, sem sinais de risco, orientados a se manterem isolados e/ou afastados do trabalho e os casos moderados a graves encaminhados para atendimento médico hospitalar. Portando um resultado positivo para teste de antígeno, esses pacientes puderam ser atendidos de forma mais rápida e eficaz pelos médicos, o que certamente contribuiu para desfechos positivos para muitos deles.
Outros 10% dos pacientes com testagem positiva no antígeno eram assintomáticos, portanto detectaram a presença do vírus graças ao teste rápido e puderam ser orientados a se isolarem e conterem o risco de transmissão para outras pessoas.
Resultados positivos por faixa etária
Comparando a taxa de resultados positivos entre as idades, os idosos ficaram em primeiro lugar, com 34,5% de testes positivos para antígeno. Em segundo lugar, os adultos entre 40 e 59 anos, com 31% de testes positivos e, em terceiro, os adolescentes com 27%. As crianças até 12 anos tiveram a menor taxa de resultados positivos, de 20%.
Sintomas mais comuns em pessoas positivos para coronavírus
Por fim, comparando novamente o quadro sintomático desses pacientes, dessa vez entre pessoas com resultado positivo ou negativo no teste de antígeno, as diferenças foram marcantes. Todos os sintomas, em especial tosse, nariz escorrendo, dor de garganta e dor de cabeça, foram mais presentes em pacientes com testagem positiva.
Esse resultado revela uma característica marcante da Covid-19, reportada por muitas pessoas: sintomas fortes, diversos, bastante diferentes de quadros respiratórios comuns, como gripe ou resfriado. Destaque para o sintoma mais marcante da doença, que foi a tosse, presente em 68,7% dos pacientes confirmados no teste de antígeno. Ao contrário da febre e da perda de olfato ou paladar, presentes em apenas 11,9% e 9,5% dos pacientes, respectivamente.
Farmácias como pontos de cuidado à saúde
Os resultados deste estudo inédito sobre a testagem de Covid-19 nas farmácias mostra a enorme contribuição dos farmacêuticos no combate à pandemia. Em todo país, sete dias por semana, em manhãs, tardes e noites, esses profissionais cuidaram de milhões de pessoas em seus consultórios, serviços de drive-thru e atendimentos domiciliares, sob condições muitas vezes adversas.
Os números mostram o enorme potencial das farmácias em colaborar para uma atenção primária mais acessível e conveniente para milhões de brasileiros. São mais de 80 mil estabelecimentos e mais de 100 mil profissionais farmacêuticos, atuantes em todas as cidades do país.
As farmácias estão prontas para atuar não apenas na testagem rápida para Covid-19, como já estão fazendo, mas em diversos serviços de saúde, incluindo vacinação, triagens, rastreamento em saúde, check-ups, adesão ao tratamento, acompanhamento de pacientes crônicos e telessaúde.