O farmacêutico tem um papel de extrema importância na dispensação responsável no autocuidado. A automedicação é um problema no país e nosso papel, de início, é levar conhecimento para quem precisa.
Participe dos questionamentos levantados sobre o cenário de automedicação e como a dispensação responsável no autocuidado pode ajudar o farmacêutico e o paciente em mais uma luta para o setor de saúde.
Viabilização do autocuidado sem promover a automedicação e o desafio para o setor de saúde
Embora o desafio pareça ser inviável em um país com uma cultura de prevenção frágil. A automedicação é um direito de todos, no entanto, deve ser conduzida de modo responsável a fim de que seus benefícios superem seus riscos.
As farmácias e drogarias são pontos estratégicos por possuir uma alta capilaridade, tendo uma posição privilegiada para o cuidado e a educação da população.
Os profissionais que atuam nas farmácias têm um papel muito importante na orientação do paciente e consequentemente na conscientização sobre a automedicação dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs).
Além disso, estes profissionais auxiliam na difusão sobre o autocuidado, que é uma atitude responsável e ativa sobre a saúde e bem-estar.
Por isso, é sempre orientado que se o paciente tiver qualquer tipo de dúvida, deve recorrer à ajuda do farmacêutico ou profissional da saúde adequado.
São os profissionais mais indicados para aconselhar e orientar quanto à forma de administração (posologia), modo de ação do medicamento, duração do tratamento, possíveis reações adversas, interações com outros medicamentos e contraindicações.
O impacto nas farmácias
As farmácias são portas de entrada para o sistema de saúde e adquirem a responsabilidade de passar informações adequadas para garantir o uso racional bem como a segurança e a eficácia do medicamento, trazendo benefícios para a saúde da população e da sociedade como um todo.
O farmacêutico se torna a principal ponte na escolha e no uso racional de medicamentos. Sua atuação eleva o nível de consciência dos usuários e consequentemente a qualidade e efetividade do tratamento.
Como o brasileiro se comporta em relação a compra e consumo de MIPS?
Durante a pandemia o CFF (Conselho Federal de Farmácia), por meio da consultoria IQVIA, identificou o aumento da automedicação no Brasil. Muitos medicamentos foram utilizados indiscriminadamente, o que pode trazer risco ao paciente.
De acordo com a pesquisa realizado pelo CFF, por meio do Datafolha, 77% dos brasileiros declaram que fazem uso de medicamentos por conta própria. A prática pode trazer grandes danos à saúde, até mesmo mascarar doenças existentes ou causar a morte.
Ainda segundo o estudo do CFF, quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.
A pesquisa também detectou que a população normalmente utiliza remédios prescritos pelo médico, mas não de acordo com as recomendações, alterando a dose receitada e o tempo de tratamento.
Essa conduta foi exposta pela maioria dos entrevistados (57%), especialmente jovens de 16 a 24 anos (69%) e homens (60%).
O uso de medicamentos por conta própria, mesmo os MIPs, sem nenhuma indicação ou orientação de farmacêutico, médico ou outro profissional da saúde capacitado, pode causar riscos à saúde e, por isso, deve ser sempre evitada no dia a dia da população.
Papel do farmacêutico e indicação de MIP para o consumidor
O papel do farmacêutico é de acolher o paciente, identificar as suas necessidades, promover o uso responsável dos medicamentos e orientar sobre como administrá-lo corretamente.
O farmacêutico nada mais é que o educador em saúde, um motivador de hábitos de vida saudáveis e do uso racional e correto de medicamentos.
Mais do que uma indicação quando falamos sobre a prescrição de MIPs, falamos sobre a prestação de um serviço de saúde ao paciente.
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulamenta essa prática por meio da Resolução 586/2013. Esta norma garante mais segurança ao paciente, além de diferenciar o estabelecimento farmacêutico como um ponto de saúde onde MIPs são mais do que simples caixinhas.
Informações e procedimentos com a dispensação responsável no autocuidado
O farmacêutico acolhe e identifica as necessidades de saúde do paciente para poder aconselhar/orientar o uso racional do medicamento ou realizar a prescrição farmacêutica, seja de medidas não-farmacológicas ou de MIPs.
O principal objetivo do profissional é ajudar os pacientes a tratarem seus sinais e sintomas de forma segura, identificando situações mais graves que requerem assistência médica, quando necessário.
O farmacêutico pode prescrever diversos produtos da lista de MIPs, encontrando respaldo para esta prática nas Resoluções 585/2013 e 586/2013 do Conselho Federal de Farmácia, bem como na RDC Anvisa 44/2009.
O atendimento segue 3 pontos importantes: Acolher, Avaliar e Aconselhar.
O primeiro é acolher bem o paciente, escutar e compreender a sua demanda. Depois identificar quem é o seu paciente, investigar a natureza dos sinais e sintomas e quando iniciaram. Saber se o mesmo já iniciou algum tratamento e se possui outras comorbidades. E por fim, aconselhar o paciente sobre o seu tratamento.
O ponto principal do aconselhamento é criar uma rede de segurança ao redor do paciente para ele se sentir cuidado, munido de informações seguras e responsáveis para o uso consciente da medicação.