HCG significa Gonadotrofina Coriônica Humana. É um importante marcador bioquímico hormonal glicoproteico, constituído de duas subunidades: alfa (α) e beta (β). Conhecido como o “hormônio da gravidez” é responsável pela atividade secretora do corpo lúteo, fundamental na fase inicial da gestação.
A detecção do Beta-HCG se dá a partir do 7º dia após a concepção, elevando gradualmente até atingir o pico máximo na 10ª semana da gravidez, com níveis entre 50.000 a 100.000 mUI/mL. Após este ápice, os níveis hormonais decaem lentamente até o nascimento.
Entretanto, é possível que outras condições que não gestação em curso, culminem na secreção do β-HCG, indicando possíveis quadros patológicos, como a gravidez psicológica. Além disso, embora incomum, o hormônio pode ser encontrado em indivíduos do sexo masculino em situações patológicas, como em casos de câncer de testículo.
Condições clínicas relacionadas a gravidez
Definição
A gestação é definida como o resultado da fecundação do ovócito (óvulo) pelo espermatozoide, levando ao desenvolvimento de um novo ser humano no meio intrauterino.
Manifestações clínicas da gestação
As manifestações clínicas associadas ao quadro de gravidez variam conforme o estágio gestacional e incluem fadiga, aumento das mamas, náusea/vômito, sono, aumento do apetite, maior propensão ao desenvolvimento de hemorroidas e de infecções do trato urinário, além de aumento da frequência urinária.
Hiperêmese gravídica é uma possível complicação do quadro de náusea e causa depleção de grande volume de fluidos e dificuldade na nutrição da gestante. Pacientes com náuseas e vômitos frequentes, que impossibilitem a realização de refeições, e em grande volume devem ser investigadas para esta condição.
Eclâmpsia e pré-eclâmpsia são complicações relativamente frequente que ocorrem com gestantes hipertensas e podem levar a convulsão e parto prematuro.
Diabetes gestacional também é uma condição a ser monitorada, que pode ser clinicamente diagnosticada após o 1° trimestre de gravidez e levar a complicações como macrossomia fetal, hipoglicemia do recém-nato e descompensações metabólicas da mãe.
Faixa etária predominante
A gestação se desenvolve ao longo da vida reprodutiva de uma mulher, que se inicia com a menarca e se encerra com a menopausa. A ocorrência da gestação depende da maturação mensal de ovócitos (a partir da menarca) que a mulher apresenta desde seu nascimento. Entretanto, diversos meios permitem que a mulher decida sobre querer ou não engravidar, e quando.
No Brasil, a média de idade de meninas que iniciam o ciclo reprodutivo, marcado pela primeira menstruação (menarca), é de 09 anos e vai até cerca de 50 anos, idade média em que a mulher entra na menopausa.
Prevenção da gravidez
Existem diferentes formas de prevenção da gravidez. Elas podem consistir na utilização de barreiras físicas, como preservativo – único capaz de também prevenir DSTs – e diafragma, de contraceptivos hormonais (orais, intradérmicos, injetáveis), de dispositivo intra-uterino (DIU) e de produtos espermicidas.
A educação sexual ganha destaque ao prover conhecimento à população a respeito das diferentes formas de prevenção, riscos e consequências da gestação, reforçando a prática de condutas comportamentais mais responsável.
Diagnóstico da gravidez
O diagnóstico clínico da gravidez consiste na associação entre a histórica clínica da paciente, anamnese e os resultados laboratoriais confirmatórios.
O diagnóstico laboratorial mais preciso para suspeita de gravidez de até 16 semanas consiste na dosagem sérica de β-HCG, que se apresenta significativamente elevado nas fases iniciais da gestação. Para casos além da 16ª semana, a confirmação diagnóstica pode ser feita diretamente através da avaliação clínica que considera palpação e ausculta de batimentos cardíacos fetais, ou ainda, através de exames de imagem, como ultrassonografia.
Como interpretar o resultado do teste de gravidez
Resultados positivos costumam apresentar níveis de β-HCG superiores a 25mUI/mL. Com o resultado positivo em mãos, o profissional da saúde pode encaminhar oportunamente a paciente ao ginecologista para continuidade do cuidado e pré-natal.
A realização de teste rápido para a quantificação dos níveis de β-HCG é uma ferramenta, que se utiliza de técnica imunoenzimática de fluorescência e que pode ser empregada em estabelecimentos de saúde. O resultado, liberado em questão de minutos, utiliza-se de metodologias consolidadas e equivalentes às de laboratórios de análises clínicas tradicionais.
A facilidade de acesso ao estabelecimento, coleta de amostra, curto tempo para emissão do resultado (em torno de 15 minutos) e a alta confiabilidade, faz do teste rápido uma opção altamente vantajosa para o indivíduo que busca atendimento em saúde de qualidade e segurança.
Tratamento e orientações
Não sendo considerado um quadro patológico, a gravidez não apresenta tratamento específico. Contudo, diversos desconfortos e possíveis complicações, derivadas ou adquiridas ao longo da evolução gestacional, podem existir.
O emprego de terapia medicamentosa à gestante não é recomendado, uma vez que grande parte das drogas existentes apresenta grandes riscos ao pleno desenvolvimento fetal. Quando necessária, a prescrição é realizada por profissional competente somente após rigorosa avaliação de risco/benefício.
Dentre os tratamentos não medicamentosos, tem-se:
Hemorróidas
Adotar dieta balanceada e rica em fibras, a fim de evitar constipação intestinal, ingerir grandes volumes de água, ir ao banheiro assim que tiver vontade, evitando forçar para defecar. Para alívio da dor local, podem ser utilizados cremes, pomadas e supositórios. Não havendo melhora com nenhuma destas recomendações, procedimentos cirúrgicos podem ser indicados.
Suspeita ou confirmação de pré-eclâmpsia
Recomenda-se dieta alimentar de baixa ingestão de sódio, métodos que favoreçam a eliminação de fluidos e que evitem a retenção hídrica, evitar situações de estresse e, dependendo do estágio gestacional, terapia medicamentosa pautada em anti-hipertensivos cautelosamente prescritos pelo médico competente. Além disso, pode ser indicada a indução do parto ou a realização de cesariana.
Náuseas e vômitos
Para reduzir os enjôos, recomenda-se fazer refeições com porções menores, portanto em intervalos de tempo mais frequentes.
Além disso, recomenda-se evitar alimentos muito gordurosos. Alimentos salgados e líquidos mais ácidos, ao invés da água pura, tendem a ser mais bem aceitos pela mulher, especialmente de manhã, portanto são recomendados.
Se os sintomas piorarem, encaminha-se a gestante ao médico que a acompanha, para evitar riscos para mãe e filho, bem como desidratação e desnutrição.
Cistite
O alívio dos sintomas causados pela infecção pode envolver ingestão de bebidas contendo sais de citrato, que neutralizam a acidez da urina. Além disso, estudos correlacionam a ingestão de cranberry como uma forma de prevenir infecções urinárias. O tratamento pode requerer antibioticoterapia, a ser avaliada e prescrita por especialista.
A boa qualidade do sono é um fator importante para o descanso e alívio de incômodos que a mãe possa apresentar, além de figurar como importante momento para o feto se desenvolver. Recomenda-se ao menos 8 horas de sono diárias, embora seja comum relato de alterações no sono, especialmente por mulheres no fim do curso da gravidez, evento relacionado a ansiedade para as mudanças que em breve acontecerão.
Acompanhamento de Gestantes
O acompanhamento da saúde da mãe e do feto ao longo da gravidez é chamado de pré-natal.
Ele ocorre por meio de consultas periódicas com o médico, bem como com outros profissionais. Neste período, são realizados uma gama de exames para monitorização das condições clínicas da paciente, além da educação, orientação e esclarecimento de dúvidas.
As condutas adotadas têm por objetivo evitar, identificar e tratar possíveis complicações ao longo do curso da gravidez. Durante todo o curso da gestação, o pré-natal permite que a mãe entenda melhor as transformações que ocorrem, assim como tenha consciência de seus direitos e da importância de cada etapa e condutas promovidas, além de fornecer diferentes estratégias para manutenção em saúde.
Outras condições
Variações dos níveis de gonadotrofina coriônica humana em condições de não-gestação, independentemente do sexo do indivíduo, podem ser indicação de distúrbios do sistema endócrino e de doenças potencialmente malignas adjacentes, que devem ser encaminhadas ao médico para investigação e esclarecimentos.
O β-HCG no sexo masculino
Para o sexo masculino, a detecção do hormônio pode estar associada ao monitoramento de terapias medicamentosas, como no caso do tratamento para hipogonadismo hipogonadotrófico.
Elevação dos níveis de HCG podem sugerir, também, quadros patológicos a exemplo de tumores de células germinativas (TCG). Nestes casos cabe ao profissional de saúde responsável pela execução do teste, encaminhar e orientar paciente da maneira mais adequada. TCG malignos apresentam alta prevalência para o sexo masculino, predominantemente em testículos. Neste caso, o hormônio β-HCG atua como marcador tumoral.