A população de idosos no Brasil, que se refere a pessoas com 60 anos ou mais, aumenta a cada ano. Essa mudança na estrutura etária brasileira vem ocorrendo devido à queda nas taxas de mortalidade e natalidade. O profissional de saúde da farmácia precisa olhar a atenção farmacêutica ao idoso com mais carinho.
Hoje, a tendência é que as famílias tenham menos filhos e uma média maior de envelhecimento. Diante dessas mudanças demográficas, é necessário que o setor da saúde no Brasil esteja preparado para prestar atendimento em saúde de qualidade para os idosos.
Além disso, o estilo de vida atual, em que a saúde não é prioridade devido à falta de tempo e excesso de tarefas, contribui para agravar esse cenário.
A busca por ajuda nas farmácias tende a ser rotina, devido à capilaridade desses pontos de saúde e visto que pode ser demorado agendar a consulta médica. Adicionalmente, nem sempre é possível pagar por um auxílio médico ou frequentar clínicas.
Principais pontos de atenção farmacêutica ao idoso
As farmácias e os farmacêuticos devem estar aptos e capacitados para atender esse perfil de paciente.
Por terem, muitas vezes, problemas crônicos de saúde, que demandam acompanhamento e tratamento contínuo com múltiplos medicamentos, ou condições clínicas agravadas.
É importante que o profissional tenha os serviços necessários para atender de maneira completa segundo o escopo da atuação farmacêutica.
Ao atender e receber um paciente idoso na farmácia, a prioridade deve ser seu acolhimento humanizado, acompanhamento do quadro clínico e apoio ao autocuidado no uso de medicamentos.
- Uma das maiores dificuldades é o uso de múltiplos medicamentos (polifarmácia), devido às multimorbidades em alguns pacientes, e necessidade de fazer tratamentos por longos períodos da vida.
- Entender sobre as condições clínicas que acometem o idoso deve ser uma prioridade do farmacêutico, para estabelecer o plano de cuidado adequado e saber esclarecer as dúvidas sobre as doenças ou problemas que podem surgir.
- A dosagem correta dos medicamentos e horários certos também são informações que devem ser reforçadas ao paciente idoso, devido ao esquecimento ou falta de ferramentas acessíveis que facilitem o processo.
- A falta de adesão ao tratamento afeta a todos os grupos etários, mas entre os idosos, o prejuízo cognitivo e funcional somados à polifarmácia aumentam as chances da dificuldade de adesão ao tratamento.
A atenção farmacêutica ao idoso
A atenção farmacêutica (pharmaceutical care), hoje conhecida como Cuidado Farmacêutico, é o modelo de prática farmacêutica para a prestação de cuidados em saúde ao paciente.
Sua definição é “prática farmacêutica clínica, centrada no paciente, cujo objetivo central é garantir que os pacientes obtenham o máximo benefício com a medicação que utilizam”.
- O objetivo deve ser sempre o de alcançar resultados definidos e esperados do plano de cuidado, buscando a melhoria da qualidade de vida do paciente.
Serviços clínicos e a atenção farmacêutica ao idoso
Serviços de acompanhamento e dispensação programada dão suporte ao paciente na gestão de seus medicamentos:
- tirando dúvidas,
- adequando o esquema posológico à rotina,
- investigando interações medicamentosas,
- acompanhando resultados de efetividade,
- segurança dos medicamentos.
O paciente idoso com doença crônica não transmissível pode ter na farmácia seu ponto de apoio nesse acompanhamento, levando relatórios de evolução e avaliação farmacêutica ao médico, agilizando e otimizando o ajuste contínuo do tratamento.
A partir dos 50 anos de idade, a prevalência de doenças crônicas aumenta consideravelmente, e acaba levando à polimedicação, que é o uso simultâneo de vários medicamentos.
Por isso, existe uma grande chance de um idoso, adulto a partir dos 60 anos, ser polimedicado. Um em cada três idosos, por exemplo, utiliza mais de 5 medicamentos contínuos.
Para o paciente, cuidar dessas condições de saúde e realizar os tratamentos da forma correta são um grande desafio.
Ferramentas que facilitam a adesão ao tratamento
Dispensação programada
A dispensação programada consiste na entrega de medicamentos e orientação ao paciente sobre como utilizá-los, geralmente mediante uma prescrição médica.
É muito útil para criar uma rotina de dispensação mensal. Dessa forma, sabe-se com precisão a data em que os medicamentos irão terminar e é agendado retorno do paciente para uma “dispensação programada”.
Agenda-se o paciente para um dia específico do mês, trazendo os medicamentos que tem em casa para reposição.
Durante a dispensação, o farmacêutico pode verificar comprimidos faltando ou sobrando, avaliar a adesão e repor o tratamento conforme necessidade, até o próximo mês.
Calendário Posológico
O calendário posológico é um recurso visual para facilitar a adesão ao tratamento, em pacientes polimedicados com dificuldades de leitura/alfabetização ou na organização de sua rotina de medicação.
Como fazer?
- Para cada medicamento que o paciente utiliza, registre o nome e dosagem.
- Registre os horários do dia para cada dose, sempre ligado aos horários principais das refeições que estruturam a rotina.
- Deve-se buscar minimizar o número de tomadas ao dia.
- Ao final, você terá uma lista completa e organizada dos medicamentos com uma rotina de medicação organizada, validada pelo farmacêutico.
Home Care – Atenção Domiciliar ao Idoso
A assistência domiciliar ganhou ainda mais espaço no último ano, em especial para farmacêuticos que trabalham com serviços de home care.
O termo “home care” se refere ao ato de prestar serviços de saúde em domicílio e é praticado por profissionais da saúde devidamente habilitados.
O papel do farmacêutico na Atenção Domiciliar ao Idoso envolve as seguintes atividades:
- Educação em saúde;
- Gestão da cadeia da assistência farmacêutica;
- Promoção à saúde;
- Prevenção;
- Auxílio no tratamento de doenças;
- Reabilitação;
- Protocolo de diluição dos medicamentos;
- Administração de medicamentos;
- Dietas via sonda nasoenteral, gerenciamento de resíduos, prevenção;
- Controle de infecções e eventos adversos.
A atenção farmacêutica ao idoso nas farmácias e drogarias, além da estrutura e serviços clínicos que supram as necessidades do paciente, deve ser realizada de forma empática, por profissionais preparados para lidar com as dificuldades que esse perfil de paciente demanda.