Existe uma variedade de produtos para a higiene íntima feminina e embora existam vários estudos sobre o meio vaginal, poucos falam sobre lavagens tópicas externas e o impacto desses cuidados na saúde da mulher.
As práticas de higiene feminina podem variar por diferentes fatores como cultura, preferência pessoal e orientações de profissionais de saúde.
Estudos com mulheres saudáveis demonstraram que a microbiota da mulher é variada e individual para cada mulher. A composição da microbiota vaginal pode mudar em função de fatores como idade, menstruação, gravidez, práticas de higiene, uso de antibióticos, entre outros.
A microbiota normal, o pH vaginal ácido e o corrimento vaginal são componentes que atuam como mecanismo de defesa inatos que protegem a mulher contra infecções vulvovaginais.
É extremamente necessário considerar essa informação ao escolher produtos para uso íntimo.
Existem individualidades entre os aspectos fisiológicos das mulheres, mas algumas recomendações sobre a higiene íntima feminina são comuns para todas. Neste artigo iremos abordar essas recomendações para que os farmacêuticos saibam como orientar suas pacientes na farmácia.
Higiene íntima feminina
Para cuidar da higiene íntima, é necessário se atentar aos fatores fisiológicos considerados normais e importantes para manter a saúde da mulher, portanto alguns produtos devem ser utilizados com cautela ou até mesmo ser evitados.
Os produtos de higiene feminina devem ser formulados e testados especificamente para a área vulvar para garantir que não causem irritação ou sensibilização na pele.
A lavagem rotineira da vulva é desejável para prevenir o acúmulo de secreção vaginal, suor, urina e contaminação fecal.
A higiene íntima inadequada pode ser entendida como a falta ou excesso de higiene causando alterações na homeostase genital que podem favorecer o surgimento de doenças.
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Sabonetes
Os sabonetes possuem componentes que podem dissolver gordura, além de um pH neutro ou alcalino que, com o uso rotineiro na região genital, pode ter consequências indesejáveis, como ressecamento e diminuição da acidez da pele.
Os sabonetes antibacterianos podem alterar o ambiente vaginal, por isso não são indicados para uso diário e devem ser utilizados com cautela.
Ducha vaginal
Não há benefícios comprovados para a saúde, e isso pode prejudicar as defesas imunológicas inatas, alterando a flora vaginal normal e predispondo as mulheres a infecções.
A ducha vaginal também foi associada a um risco aumentado de doença inflamatória pélvica, endometriose e infecções sexualmente transmissíveis.
Neutralizantes de odores
Alguns desses produtos podem alterar o pH na área vulvovaginal e isso afetará a composição da microbiota vulvovaginal normal necessária para proteção contra infecções.
Lubrificantes
Lubrificantes à base de óleo devem ser evitados.
Protetor diário
O uso diário de protetores diários podem desencadear infecções porque o abafamento contínuo propicia o crescimento de bactérias anaeróbias e fungos.
Lenço umedecido
Apesar de não apresentarem contraindicação, não existem evidências robustas que sustentam a recomendação para uso frequente de lenços umedecidos.
Ao fazer o uso dos lenços, escolha os que são hipoalergênicos, sem álcool e sem perfume para evitar alergia e irritação na região íntima.
Atenção: A vulvovaginite é uma condição inflamatória ou infecciosa da vulva e mucosa vaginal. Os sinais e sintomas incluem coceira, eritema, dor, abrasões vulvares, bem como alterações na cor, odor ou quantidade de secreção vaginal.
Aproximadamente 90% das mulheres que apresentam sinais clínicos de vulvovaginites são decorrentes de uma infecção por agentes da própria microbiota vaginal, que surge quando há um desequilíbrio no microambiente genital.
A vulvovaginite pode ter impacto significativo na qualidade de vida. Fique atento aos sinais e sintomas e não hesite em encaminhar a paciente para o médico sempre que necessário.
O uso de medicamentos, pomadas ou cremes sem indicação correta pode piorar o quadro clínico.
Farmacêutico, receba as suas pacientes e dê atenção às dúvidas que podem surgir, principalmente na hora da compra de produtos e medicamentos.
Um atendimento de qualidade, cuidadoso e que ofereça mais do que a venda de produtos pode fidelizar novas clientes na sua farmácia.
Dicas de cuidado para pacientes
Mulheres de todas as idades requerem higiene íntima diária para manter sua área genital limpa.
A vulva é suscetível à dermatite de contato, por isso tome cuidado para evitar o contato com irritantes.
Veja algumas dicas para você indicar às suas pacientes:
- Use roupas íntimas de algodão e reduza o uso de roupas justas;
- Tenha cuidado com a higiene íntima antes e após a relação sexual;
- Para as mulheres que se depilam, escolher um método seguro de remoção dos pelos púbicos é importante para evitar sensibilidade e cicatrizes;
- Evite anti-séptico na região vulvar.
A atenção e cuidado às suas pacientes é um diferencial no seu atendimento, e, ao ter conhecimento para orientações, você destaca sua farmácia no seu bairro ou comunidade fidelizando suas clientes.