Reações da vacina contra COVID-19

Neste artigo, abordaremos os principais efeitos adversos e reações da vacina contra COVID-19 relacionados a cada um dos imunizantes já disponíveis (no Brasil e no mundo).

As vacinas são uma importante medida de saúde coletiva porque estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos, que são proteínas que atuam na defesa do organismo contra agentes patogênicos causadores de infecções. 

A vacinação elimina ou reduz drasticamente o risco de adoecimento ou de manifestações graves que podem levar à internação e até mesmo ao óbito e é a principal medida de controle e erradicação de doenças infecto-contagiosas no mundo.

É importante destacar que as vacinas são tecnologias seguras que só são aprovadas para uso em humanos após diferentes etapas que compreendem pesquisas e testes que avaliam segurança, imunogenicidade (capacidade que uma vacina tem de estimular o sistema imunológico) e eficácia em milhares de pessoas. 

Com a pandemia da COVID-19, o mundo se mobilizou para estudar e desenvolver vacinas contra a doença. Em dezembro de 2020, mais de 200 vacinas estavam em desenvolvimento

Ter muitas vacinas em estudo é interessante porque aumenta a chance de ter mais vacinas aprovadas e disponíveis para uso em humanos.

As vacinas aprovadas para uso no Brasil 

  • Vacina CoronaVac, da farmacêutica Sinovac; 
  • Vacina Covishield, desenvolvida em associação da indústria farmacêutica AstraZeneca com a Universidade de Oxford; 
  • Vacina Comirnaty, produzida pelas empresas Pfizer e BioNTech; 
  • Vacina Ad26.COV2.S, fabricada em parceria da Janssen com a Johnson & Johnson.

Atualmente, somente 3 destas vacinas estão disponíveis em território nacional. São elas: CoronaVac, Covishield e Comirnaty e, entre as vacinas aprovadas, a da Janssen é a única em que o esquema vacinal é de dose única.

Todas as vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária estão sendo distribuídas à população de forma gratuita, através do SUS (Sistema Único de Saúde), que destina a quantidade de vacina que cada região recebe, considerando doses disponíveis.

Além disso, também se considera dados epidemiológicos e sanitários de um estado ou região, número de casos ativos da doença, óbitos, taxa de contágio e, também, dados demográficos como o número de habitantes, concentração de pessoas por quilômetro quadrado. 

Levando em conta a somatória desses dados, definiu-se a ordem de vacinação através de:

  • Grupos prioritários por profissão (por exemplo, profissionais da área da saúde que trabalham na linha de frente de combate ao vírus);
  • Grupos por faixa etária (em um primeiro momento os mais idosos foram os mais acometidos pela doença). 

A definição de novos grupos prioritários está em constante desenvolvimento e esses dados são divulgados aos poucos, conforme a quantidade de vacinas disponíveis.

Efeitos colaterais e reações da vacina contra COVID-19

A maioria dos efeitos colaterais que ocorrem com o uso das vacinas é de natureza leve e transitória, permanecendo durante poucos dias. 

Reações de hipersensibilidade, incluindo anafilaxia (reação alérgica aguda e muitas vezes grave à qual a pessoa desenvolve um tipo de hipersensibilidade, que pode ser fatal) e angioedema (inchaço de áreas de tecido subcutâneo que, por vezes, afeta a face e a garganta), ocorreram de maneira isolada após a administração das vacinas.

A segunda dose das vacinas (quando as mesmas tiverem esquema vacinal de 2 doses) não deve ser administrada a quem já teve anafilaxia com a primeira dose. 

Notifique a suspeita de eventos adversos, conforme item Notificação de eventos adversos pós-vacinais (EAPV), como consta em nosso POP de Imunização e aplicação de vacinas.

Vacina Sinovac – CoronaVac

Em setembro, um estudo com mais de 50 mil voluntários chineses registrou apenas incômodos leves: dor no local da injeção, fadiga e febre baixa. 

Alguns participantes experimentaram perda de apetite, dor de cabeça e febre mais elevada.  No Brasil, 35% dos 9 mil voluntários tiveram as mesmas reações leves. 

As reações adversas mais comuns da vacina contra COVID-19 observadas a partir do estudo clínico em adultos, até 7 dias após a aplicação da segunda dose da vacina foram:

  • dor, cefaleia, fadiga;
  • eritema, inchaço, enduração, prurido, náusea, diarreia, cefaleia, fadiga, odinofagia (deglutição com dor), mialgia, calafrios, perda de apetite, tosse, artralgia, prurido, rinorreia, congestão nasal;
  • hematoma, vômito, febre, exantema, reação alérgica, dor orofaríngea, odinofagia, espirros, calafrios, diminuição de apetite, astenia, tontura, dor abdominal, sonolência, mal estar, rubor, dor nas extremidades, dor abdominal superior, dor nas costas, vertigem, dispnéia, edema, equimose, hipotermia.

Além disso, existem riscos teóricos de que indivíduos vacinados podem desenvolver Doença Agravada pela Vacina, ou seja, ter uma doença mais grave do que teria caso não tivesse tomado a vacina. 

Até o momento, não há relato que isso tenha acontecido com o vírus que causa a COVID-19.

Vacina Oxford/AstraZeneca – Covishield

As reações adversas mais frequentemente reportadas foram sensibilidade no local da injeção (> 60%); dor no local da injeção, cefaleia, fadiga (> 50%); mialgia, mal estar (> 40%); pirexia, calafrios (> 30%); e artralgia, náusea (> 20%). 

A maioria das reações adversas foi de intensidade leve a moderada e usualmente resolvida dentro de poucos dias após a vacinação. 

Em comparação com a primeira dose, as reações adversas reportadas após a segunda dose foram mais leves e menos frequentemente reportadas.

As reações adversas foram geralmente mais leves e menos frequentemente reportadas em idosos (≥ 65 anos de idade).

Medicamentos analgésicos e/ou antipiréticos (por exemplo, produtos contendo paracetamol) podem ser prescritos para proporcionar alívio das reações adversas após a vacinação.

Recentemente, a Anvisa recomendou a suspensão do uso do imunizante da AstraZeneca em gestantes devido a um caso suspeito de trombose associado à trombocitopenia em uma paciente que foi a óbito após receber a vacina, através do Comunicado GGMON 005/2021

A suspensão tem como base um óbito relacionado a caso suspeito de um evento adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico associado à vacina e comunicado à Anvisa pelo próprio fabricante. 

O relato descreve uma gestante de 35 anos, com feto em idade gestacional de 23 semanas, que foi hospitalizada com cefaleia excruciante e diagnóstico de acidente vascular cerebral hemorrágico, plaquetopenia e D-Dímero alterado.

Relação de ocorrência de trombose e trombocitopenia com quantidade de doses de vacina aplicadas:

  • 6/milhão de doses aplicadas

Brasil: > 4.000.000 doses aplicadas (Anvisa)

  • 47 casos suspeitos de eventos tromboembólicos (ainda não identificado fator de risco específico)
  • Destes, apenas 1 associado à trombocitopenia
  • Sintomas graves que necessitam de atendimento imediato: falta de ar, dor no peito, inchaço na perna e dor abdominal persistente, além de sintomas neurológicos, como dores de cabeça fortes e persistentes ou visão turva, entre outros.
  • Reações brandas mais comuns: febre (podendo chegar a 40°C), dor local, edema e rubor, sede, indisposição.

É importante citar que a Anvisa mantém a recomendação pela continuidade da vacinação com o referido imunizante dentro do previsto em bula, uma vez que, até o momento, os benefícios da vacina superam os riscos. 

A vacinação é efetiva na prevenção da COVID-19, reduzindo o risco de hospitalizações e mortes.

Vacina Pfizer/BioNTech – Comirnaty

A maior parte das pessoas relatou um pouco de dor e vermelhidão ou inchaço no local da injeção em até sete dias após a aplicação do imunizante. Alguns também relataram cansaço, dor de cabeça ou muscular e febre.

Reações mais comuns: 

  • Dor e inchaço no local de injeção, cansaço, dor de cabeça, diarréia, dor muscular, dor nas articulações, calafrios e febre;
  • Vermelhidão no local de injeção, náusea e vômito;

Reações incomuns: 

  • Aumento dos gânglios linfáticos (ou ínguas), reações de hipersensibilidade [por exemplo, erupção cutânea (lesão na pele), prurido (coceira), urticária (alergia da pele com forte coceira), angioedema (inchaço das partes mais profundas da pele ou da mucosa)], sensação de mal estar, dor nos membros (braço), insônia e prurido no local de injeção;
  • Reação rara: paralisia facial aguda.

Vacina Janssen/Johnson & Johnson – Ad26.COV2.S

No estudo de desenvolvimento da vacina, a reação adversa local da vacina contra COVID-19 mais frequentemente notificada foi dor no local de injeção (48,6%). 

As reações adversas sistêmicas mais frequentes foram cefaleia (38,9%), fadiga (38,2%), mialgia (33,2%) e náuseas (14,2%). A pirexia (definida como temperatura corporal ≥38,0°C) foi observada em 9% dos participantes. 

A maioria das reações adversas ocorreram dentro de 1-2 dias após a vacinação e foram de gravidade ligeira a moderada e de curta duração (1-2 dias).

Reações muito comuns: 

  • cefaleia, náuseas, mialgia, fadiga, dor no local da injeção;
  • tosse, artralgia, pirexia, eritema no local de injeção, tumefação do local de injeção, arrepios;

Reações pouco comuns

  • tremor, espirros, dor orofaríngea, erupção cutânea, hiperidrose, fraqueza muscular, dor na extremidade, dor dorsal, astenia, mal-estar geral;

Reações muito raras

  • trombose em combinação com trombocitopenia*.

(*) Foram notificados casos graves e muito raros de trombose em combinação com trombocitopenia após comercialização. Estes incluíram trombose venosa, tais como trombose dos seios venosos cerebrais, trombose da veia esplênica, bem como trombose arterial.

Vacina Moderna

Os efeitos colaterais mais comumente relatados, que normalmente duram vários dias, foram: dor no local da injeção, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, dor nas articulações, gânglios linfáticos inchados no braço que a injeção foi aplicada, náuseas e vômitos e febre. 

A maioria das pessoas experimentaram mais esses efeitos colaterais após a segunda dose do que após a primeira.

Foram aplicadas, nos EUA, 4.041.396 doses entre 21/12/2020 e 10/01/2021:

  • 1.266 relatos de eventos adversos (0,03%)
  • Destes, 108 relatos de reações graves
  • Destes, 10 tiveram reações de anafilaxia (2,5/milhão de doses aplicadas)
  • 9/10 já tinham história prévia de reações alérgicas à vacinas e/ou medicamentos
  • 5/10 já tiveram alguma reação anafilática anterior com outras vacinas
  • Tempo médio início de sintomas: 7,5 minutos (variação 1-45 min)
  • 100% pacientes sexo feminino com idade média de 47 anos

Vacina Instituto Gamaleya – Sputnik V e Sputnik Light

Segundo informações oficiais do Instituto Gamaleya, a maioria dos pacientes teve reações leves (semelhantes às reações acima citadas) à aplicação das vacinas e não foram registradas reações adversas graves em pacientes vacinados com as doses das vacinas Sputnik V (em esquema vacinal com duas doses) e Sputnik Light (em dose única).

Todas as vacinas já desenvolvidas e aprovadas para uso em humanos apresentam algum tipo de imunogenicidade mais branda ou de forma mais exacerbada. Muitos dos efeitos já são esperados.

A parcela da população que desenvolve algum tipo de reação de hipersensibilidade com o uso da vacina é muito pequena em relação à população como um todo e os benefícios trazidos pela mesma.

Frente à uma doença (seja ela em nível global – pandemia – ou regional), supera, em muito, os possíveis malefícios. 

Atualmente, as campanhas de vacinação em massa (junto com as medidas de distanciamento social e higienização das mãos) são a melhor maneira de se prevenir o aumento no número de casos e mortes causadas pelo vírus SARS-CoV-2.

Siga acompanhando tudo sobre a pandemia e as últimas atualizações acerca da doença em nossa cobertura especial COVID-19, vacinação, testes rápidos, prevenção e a atuação farmacêutica nesse cenário. Posicione sua farmácia no mercado!

 

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